Área de Projecto 12º ano

Por: Fábio Santos Nº7 12ºB

Entrevista TecDomo

Tal como referi no post “Reunião na TecDomo” esta conversa foi gravada (com a devida autorização). Após um longo trabalho de conversão feito por mim, de áudio para escrita, passo a transcrevê-la na íntegra (eliminando apenas aspectos repetitvos):

Intervenientes: Sr. Francisco Santos (FS) da TecDomo, Fábio (F) e Paulo(P)

F – Nós, na disciplina de Área de Projecto que é uma disciplina nova do 12º ano, tivemos que escolher um tema para desenvolver e optamos pela Domótica.

FS – Qual é a área do vosso curso?

F – Ciências e Tecnologias.

FS – Mas é do curso normal?

F e P – Sim

FS – Vocês planeam ou pensam montar qualquer coisa relacionada com Domótica. A Domótica é uma coisa vaga, podendo ser simples ou mais complicada.

FS – Um exemplo do que é a Domótica é: Ao irmos a uma casa de banho (nos cafés e restaurantes) a luz acende-se sózinha com a nossa entrada. A Domótica é a automatização, a eliminação de tarefas rotineiras. Ao entrarmos na casa de banho, teríamos que acender a luz (rotina) carregando no botão (higiene). Com a automatização, estamos a evitar procurar o botão e a colocar a mão no mesmo. Por outro lado, pretende-se também uma economia de energia porque quando entramos, acende-se a luz e muitas vezes ao sair deixamos a luz acesa. Este sistema permite que a luz se apague ao fim de x tempo da pessoa sair. Assim, há uma economia de energia.

FS – Este é um sistema simples da Domótica e depois vai por aí fora… até aos grandes edifícios em que pode ser conjugado com as energias renováveis, procurando conforto e segurança e onde se pode controlar tudo o que é iluminação, dispositivos mecânicos, climatização…

FS – A nível do que está no mercado, hoje em dia, há vários sistemas. Podemos dividí-los em 2 grupos:

  • Os sistemas que funcionam por cabos chamados BUS, utilizam várias unidades centrais. Para controlar a iluminação, por exemplo, existe um dispositivo que ele próprio tem capacidade de processamento. Tem processador, memória, periféricos de entrada e saída. Isto significa que, por exemplo, temos um módulo para controlar 6 lâmpadas, outro módulo para controlar 3 estores e um módulo para uma zona de climatização. Se um destes módulos pára, os outros continuam a funcionar.
  • Nos sistemas centralizados se esse sistema pára, tudo o resto cessa também. Os sistemas centralizados são conectados a um computador ou a um microprocessador ou a autómatos controláveis e dominam a iluminação, os estores, a climatização, os botões, o acesso, a vigilância, e isso tudo…

FS – É mais cara ter uma rede de processamento distribuída do que uma unidade central de processamento. Quando se faz um projecto, há que pesar estas 2 situações. Enquanto que uma unidade distribuída de processamento é modular, sendo mais fácil colocar e retirar módulos (alterar a instalação), numa unidade central é mais complicado efectuar essas tarefas mas há o factor custo, sendo por isso necessário jogar com estas duas situações.

F – Qual é o sistema mais fácil de gerir?

FS – O sistema distribuído é mais fiável, mais estável e mais fácil de gerir. O que acontece nas instalações que não têm Domótica é que são projectadas e construídas, não sendo depois possível alterá-las, excepto com obras. Nos sistemas da Domótica, um das vantagens é a instalação nunca ficar fechada.

FS – Os sistemas BUS utilizam dois tipos de protocolos:

  • EIB/KNX que é utilizado em sistemas mais avançados. O sistema EIB evoluiu mais tarde para KNX. Não há ninguém que seja proprietário deste protocolo. Funciona quase como o sistema operativo Linux, ou seja, alguém desenvolveu um núcleo deste sistema e depois doou-o ao mundo para ser mais desenvolvido (open source). O KNX é gerido por uma associação (Connex) constituída por fabricantes de material eléctrico (Merten, Aga, Siemens, etc…). Esta associação desenvolve o protocolo e estabelece as suas normas mas não fabrica nada. Quem quer fabricar, solicita essa informação (software e protocolo) e desenvolve os seus produtos que estabeleçam essas normas. Ao usar esta tecnologia poderemos assim, ter produtos da marca ABB, Merten, Siemens e cento e tal fabricantes… Estes produtos sendo certificados, o que permite que ao comprarmos os produtos, já sabemos que está de acordo com as regras da Connex. A vantagem deste sistem é que, se um produto fôr descontinuado ou a empresa acabar, poderemos sempre adquirir um produto de outra marca, desde que seja compatível com o protocolo KNX. O que por vezes acontece no nosso mercado, é que as coisas não são feitas de forma racional. As pessoas gastam dinheiro na tecnologia e não tiram proveito dela. No exemplo da casa de banho, já nos aconteceu estarmos a fazer o que ninguém pode fazer por nós 🙂 e de repente a luz apaga, então temos tendência a fazer adeus para a parede para ver se o sistema detecta movimento. Este módulo não está a funcionar bem e quem o colocou deveria ter rodado mais um pouco o botão do controlo do tempo. O que leva as pessoas a investir na tecnologia é também a economia da energia. Contudo, com o sistema a funcionar mal, as pessoas ainda gastam mais luz visto que é necessário mais energia para ligar o dispositivo no arranque, onde há sempre um consumo superior do que na manutenção. O KNX é por isso, uma vantagem, pois apenas implementadores certificados pela Connex serão capazes de realizar esse trabalho. Por exemplo, o Estádio do Dragão está a funcionar com esta tecnologia (com dispositivos da Siemens).
  • LONWORKS que é um sistema norte americano e é desenvolvido um microcontrolador para cada módulo e só eles o comercializam. Devido ao elevado custo e ao facto de haver tecnologias com prestações similares, este sistema não tem grande aceitação.

FS – Tenhos aqui alguma informação que vos pode ajudar a perceber o que é a Domótica.

F e P – Obrigado.

FS – Em relação a vocês desenvolverem qualquer coisa com KNX é complicado. Os módulos têm que ser parametrizados. O tempo que vocês levariam a perceber o software desta tecnologia seria demasiado. Há no mercado uns kits (umas coisas mais simples).

F – E em termos de implementação? Nós queríamos colocar isto tudo numa sala de aula, requisitando uma à Escola para implementarmos a tecnologia.

FS – Em termos tecnológicos tem de ser bem visto. Isso iria obrigar a mexer na instalação eléctrica da sala. Também há a hipótese de fazerem isso com X10.

FS – Vocês percebem alguma coisa de instalações eléctricas?

F e P – Não.

P– Por isso, se calhar é melhor o X10.

FS – Nunca fizemos nada com o X10, aquilo é fácil mas em termos de um estore terá de ser eléctrico. Vocês têm estores eléctricos naEscola?

F e P – Não.

F – Pensamos por isso em utilizar algo em substituição do estore, só para fazermos a demonstração do sistema.

FS – Exacto.

P – Há também outro grupo da àrea de Projecto que irá desenvolver um computador aquário. Com esta tecnologia seria possível que fosse esse computador a controlar a sala?

FS – Podem, por exemplo, utilizar mini lâmpadas com um cenário a simular a iluminação ou a controlar, por exemplo, o motor do aquário. Existem interfaces que fazem isso.

P – Dá para controlar o sistema de iluminação mesmo da sala?

FS – Dá.

P – E por telemóvel?

FS – Primeiro, têm que ter uma ideia do que realmente querem fazer e depois o mais complicado é fazer um orçamento. Na verdade, existem módulos que permitem controlar por telemóvel mas aí obriga a ter um módulo de GSM com um cartão GSM. Têm que ver mesmo em termos de orçamento. Vocês têm algum apoio da Escola?

P – Estamos a ver se há apoio por parte da Escola em termos de disponibilização de equipamentos e de uma sala.

F – Nesta fase inicial do projecto, estamos a tentar perceber como funciona a tecnologia e pedir possíveis apoios.

FS – Eventualmente, um módulo destes posso emprestar-vos. Tudo é possível fazer dependendo do orçamento. Já ouviram falar da casa de Bill Gates que na entrada tem uma identificação biométrica e portanto, a casa já sabe as preferências da pessoa em termos de temperatura, gostos musicais, gostos de alimentação, etc, etc, etc…

FS – Vocês no final querem fazer uma apresentação?

F – O nosso produto final irá ser uma apresentação assim como a promoção de um workshop para divulgar como implementar a tecnologia.

FS – Posso ajudar-vos em qualquer aspecto técnico que precisem para o workshop e qualquer dúvida que surja, poderão sempre contar comigo.

F e P – Obrigado por tudo.

P – Já agora, pode-nos dizer a forma mais rápida para sair daqui?

FS – Se quiserem, posso deixar-vos na estação de metro do Estádio do Dragão.

F e P – Óptimo. Mais uma vez obrigado por todo o apoio.

Esta foi uma entrevista muito interessante e proveitosa em termos de conhecimentos técnicos!

Abaixo reproduzo as capas das revistas que nos ofereceu o Sr. Francisco Santos.

catalogo-merten.jpg                  catálogo velleman

 

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